Não só da monocultura mas também do monoesporte, monotécnica construtiva, monopolítica... Há séculos a cana-de-açucar é a principal cultura do nordeste brasileiro e, mais recentemente, de todo o Brasil. Produzimos em 2000 378,5 milhões de toneladas de cana-de-açúcar contra 98,3 milhões de toneladas de todos os grãos juntos (arroz, feijão, soja, milho, entre outros). Atualmente grande parte desta produção é destinada à transformação em álcool combustível o que de certa forma é um orgulho para país perante o mundo, já que gera uma matriz energética renovável, de um combustível mais limpo que a gasolina e o diesel.
No esporte também temos uma paixão nacional: o futebol. No meu ver, em certos casos, transcende a paixão tornando-se uma obsessão, um fanatismo quase religioso. Não importa também se somos os melhores no Vôlei ou no que quer que seja, o destaque fica com o futebol. O absurdo é tanto que, na cidade onde moro atualmente (Mossoró-RN) a prefeitura propagandeia um projeto para desenvolvimento dos jovens da cidade através de aulas de futebol. Por que não se prega o desenvolvimento dos jovens com o ensino de Xadrez, ou de Empreendedorismo, Cidadania, Línguas Estrangeiras? Sem querer desmereceer o esporte, mas não creio que seu mercado de trabalho seja tão amplo ou mesmo que seu ensino sirva como incentivo para além do convívio saudável em sociedade e para ensinar noções de trabalho em grupo e cooperação. Muito menos que o único esporte que proporcione isso seja o futebol. As crianças de hoje (e a grande maioria dos adultos) são iludidas com a publicidade dos grandes patrocinadores gerada em cima dos astros do esporte, muitas vezes acreditando que essa é sua única chance de ascensão profissional. Esses casos são exceções e não regra. E que profissão tão sonhada é essa que termina onde a maioria está no auge, próximo aos 40 anos de idade?
Também na política e no pensamento geral de cada brasileiro o que vale é um único princípio: levar vantagem em tudo. Vejo com tristeza, principalmente na minha área, que isso se torna cada dia mais regra. Todos só pensam em como capitalizar em cima do próximo, pois se espelham no que veêm na mídia. Não precisa ir muito longe, os exemplos são muitos: é mensalão, apadrinhamento, propina, lavagem de dinheiro, impunidade. Isso é um desistímulo a produção, invenção, criatividade. Quem quer inventar se pode copiar, quem quer produzir se pode tentar o emprego público, quem quer trabalhar se tem o bolsa família?
E nós Engenheiros, que tanto nos acostumamos como o feijão-com-arroz do trio concreto, alvenaria, argamassa. Isso deve representar a grande maioria da parte mais "bruta" das obras que realizamos. Afinal, qual foi a última vez que você trabalhou naquela grande estrutura de aço com divisórias e fachadas prontas fabricadas com painéis de CRFV (cimento reforçado com firbas-de-vidro ou GRC, glass-fiber reinforced cement, em inglês)? Pense bem, quais foram as técnicas que você já experimentou em suas obras? Poucas, não? É isso mesmo, tirando as diferenças físicas dos projetos, praticamente todos são iguais, nada de novo é acrescentado aos nossos conhecimentos, são poucos os desafios. O setor de construção civil, nos últimos anos passou por uma grande revolução para melhoria nas questões de qualidade e redução dos desperdícios, mas sempre em cima das mesmas técnicas. Não que concreto alvenaria e argamassa sejam técnicas ruins ou inadequadas às nossas necessidades ou aos nosso clima mas, simplesmente, não são as únicas. A diversidade deve ser uma busca constante pois diversas são as necessidades do mercado e quanto maior a diversificação maior o conhecimento e experiência adquiridos.
O nosso desafio constante é sair da área de conforto em que vivemos, transformar a rotina e monotonia em desafios e realizações. Sem isso qualquer sonho de desenvolvimento, seja em escala pessoal ou nacional nunca passará disso, um sonho. Cabe a cada um de nós mudar essa realidade, nos reinventar a cada dia.
29 janeiro 2007
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Um comentário:
Tava inspirado hein? Concordo que devemos nos reinventar, sempre, em todas as dimensões e se não conseguimos apoio nas empresas para aplicação das novidades, isto não nos impede de vir a conhecê-las. Quanto ao futebol.... kkkkk é paixão nacional, fazer o quê?
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