Quando se pensa em qualquer tipo de construção no Brasil, o prazo mínimo para conclusão é contado em meses ou em anos, no caso de empreendimentos maiores. Lembro de um exemplo emblemático que ocorreu no final dos anos 90 onde morava, em João Pessoa-PB. Era uma das primeiras edições, se não a primeira, de um evento de moda na capital paraibana, que seria realizado no maior shopping da cidade, o Manaíra Shopping. Durante várias semanas percebi a construção de um grande galpão no estacionamento do shopping. Obra tradicional, com direito a alvenaria, estrutura metálica para coberta, e tudo que caracterizava uma construção permanente. Tal obra, apesar de estar sendo executada no estacionamento, não me chamou tanto a atenção pois o shopping sempre estava em expansão e a movimentação típica de canteiro de obras era comum e constante. Só depois de algumas semanas realmente o galpão me chamou a atenção pois estava sendo demolido! Então foi que eu soube que este foi construído para utilização da tal semana de moda. Na época fiquei de boca aberta, como se constrói algo daquela forma, uma estrutura daquelas para ser utilizada apenas por uma semana e ser completamente destruída depois? Creio que o pouco que pode ter sido reaproveitado foi o telhado.
Recentemente, no carnaval de 2008, em visita à capital paraibana, estive no 7º Salão do artesanato paraibano, onde foi montada, na praia do Cabo Branco, uma grande tenda de 8000m2 para o evento, toda em lona com estrutura em aço, perfeitamente adequada ao evento. Não acompanhei a montagem ou desmontagem da estrutura mas posso garantir que durou bem menos que o evento em si, ao contrário do exemplo anterior, e, talvez o mais importante, não gerou entulho e o material foi 100% reaproveitado para outras ocasiões.
Isso é apenas um exemplo de um mercado que existe mas não é de convívio comum para a maioria dos Engenheiros. As construções temporárias ou provisórias. São cada dia mais comums, tendo sua maior parcela de participação no Brasil em eventos como feiras, espetáculos musicais, entre outros. Mas, no resto do mundo também são necessárias em casos com desastras natuaris, guerras, ou outros males que pouco ou nada afetam a nossa terra.
Para alguns, essa necessidade de construções temporárias gerou idéias incríveis.
Uma empresa inglesa chamada Inflate cria diversas estruturas temporárias infláveis para eventos, além de outras necessidades como exploração científica e em casos de abrigos em áreas devastadas por desastres naturais. Também da Grã-Bretanha, os Engenheiros Peter Brewin e William Crawford, inventaram uma barraca inlável fabricada com um tecido impregnado de cimento que, após hidratada e inflada fica rígida como pedra e pode durar cerca de 10 anos. Cada unidade de 16m2 pesa 500 kg e é formada por uma bolha inflável coberta com a lona impregnada com cimento (que eles chamam de ConcretCanvas) e embalada em um saco plástico. Para hidratar o material são necessários 145 litros de água que são colocados diretamente no saco plástico que embala a barraca. Após meia-hora a embalagem é rasgada, a lona desdobrada e cheia com um compressor de ar. Em 12 horos o material já está rígido e pode ser utilizado. Já vem com portas e podem ser adicionadas novas seções, caso necessário. Não é nenhuma beldade da arquitetura mas parece atender ao que se propõe, apesar das críticas de alguns quanto ao peso e a necessidade de uma grande quantidade de água para hidratação, rara em situações de desastres.
A única empresa que conheço que desenvolve soluções para construções infláveis no Brasil é a Náutika que fabrica, além de suas linhas tradicionais de galpões estruturados (estrutura metálica coberta em lona), uma linha de galpões infláveis de grandes dimensões.
Tudo isso só ressalta que necessidades específicas exigem soluções também específicas e, com essas necessidades, novos mercados são criados e idéias desenvolvidas.
02 março 2008
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