Quando se fala em obra todos pensam em projetos, orçamentos, prazos, concreto, tijolo... enfim, sempre se forma, quase que imediatamente, uma visão daquilo que cada um, sendo do ramo ou não, relaciona com o assunto. Essas são palavras comuns utilizadas por todos. Mas, na rotina diária, no convívio com os operários e os mestres-de-obra, surgem outras palavras inusitadas e, muitas vezes, divertidas.
São gêneros que vão dos animais às comidas típicas, do vocabulário das fazendas do interior às associações com objetos do cotidiano.
Quem entra em uma obra e presta bastante atenção às conversas dos trabalhadores pode até pensar que entrou em um zoológico por engano, tantos são os nomes de animais que circulam, de boca em boca. É jerica, caranguejo, sapo, cachorra, gato, até mesmo animais extintos como um dinossauro pode dar o ar da graça. Para quem não conhece esse vocabulário pode estranhar mas são nomes comuns. Todos tem origem na criatividade dos operários, seja por não conhecerem o nome real de tal objeto ou apenas por associarem sua forma ou função aos animais.Como jerica (fêmea do equino jerico) que, como seu parente animal, ajuda a levar carga pesada de um lado à outro. Ou caranguejo, ferragem auxiliar para sustentar a armadura negativa de lajes, cuja forma realmente lembra o crustáceo. A bomba submersa, por estar sempre na água e vibrando foi logo apelidada de sapo e a cachorra da obra só late nas horas de início e final do expediente. E gato não existe só em obra, tem muita gente em casa fazendo na entrada de energia, na TV à cabo do vizinho... E o dinossauro? Dinossauro foi o apelido dado ao garfo para paletes utilizado pela grua. Grua? Grua o guindaste, não a fêmea do grou, aquele pássaro grande, das pernas finas com um penacho na cabeça.São gêneros que vão dos animais às comidas típicas, do vocabulário das fazendas do interior às associações com objetos do cotidiano.
E esse tal de garfo para palete? E olhe que não é o único garfo que se encontra em uma obra. Existe também o garfo para escoramento das formas de vigas, além daquele usado nas refeições. Em se tratando de gastronomia, obra também é um prato cheio. Da farofa ao cuscuz como pratos principais, passando à sobremesa com cocada e pirulito, tudo isso podendo ser servido em uma bela bandeja. Mas a farofa e o cuscuz são feitos de areia, cimento e brita, com menos água para a base e um pouco mais molhado e resistente para o corpo... das sapatas é claro. Mas não concrete a sapata sem colocar a armadura do pilar deixando sempre o espaço certo para a forma com a cocada, que de coco não tem nada. E o pirulito, além de adoçar a boca da criançada segura toda a carga dos muros vizinhos. E nossa bandeja não serve comida ou bebida mas também não deixa que qualquer material que cai do alto da obra chegue ao chão, onde poderia causar graves acidentes.
Penso que outra fonte para tanta criatividade venha a ser a origem dos operários. Muitos migram do interior trazendo com eles a saudade da fazenda e, tentando criar um ambiente mais familiar, acabam associando os nomes comuns que usavam. O curral da construção não confina o gado mas cerca toda fundação garantindo sua marcação precisa pelo peão, que não toca a boiada mas sim a obra.
Além dessas, muitas outras palavras curiosas permeiam a rotina das obras, seja o sargento que não tem patente mas nunca deixa o pilar abrir ou a catarina que deve ter sido a amada de algum guincheiro, batizando com seu nome a viga que sustenta seu equipamento de trabalho, a gaiola. Ou o cabelo, ferro que ajuda a amarrar a alvenaria, espalhado por todo o corpo do pilar, exceto o pescoço, sempre dando uma mão-de-força para a parede não cair.
Mas a peãozada não leva a vida na flauta da escora e só descansa no final da semana depois de muito marretar com a sexta-feira.
Penso que outra fonte para tanta criatividade venha a ser a origem dos operários. Muitos migram do interior trazendo com eles a saudade da fazenda e, tentando criar um ambiente mais familiar, acabam associando os nomes comuns que usavam. O curral da construção não confina o gado mas cerca toda fundação garantindo sua marcação precisa pelo peão, que não toca a boiada mas sim a obra.
Além dessas, muitas outras palavras curiosas permeiam a rotina das obras, seja o sargento que não tem patente mas nunca deixa o pilar abrir ou a catarina que deve ter sido a amada de algum guincheiro, batizando com seu nome a viga que sustenta seu equipamento de trabalho, a gaiola. Ou o cabelo, ferro que ajuda a amarrar a alvenaria, espalhado por todo o corpo do pilar, exceto o pescoço, sempre dando uma mão-de-força para a parede não cair.
Mas a peãozada não leva a vida na flauta da escora e só descansa no final da semana depois de muito marretar com a sexta-feira.
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