Hoje, conversando com uma grande amiga, a Engenheira Kycia Cordeiro, sobre os problemas enfrentados em uma das obras que acompanho, uma frase foi dita, mais uma vez, entre as infinitas das vezes que já a escutei. "O processo todo ainda é muito artesanal". Realmente, qualquer obra atual, seja no Nordeste ou em São Paulo, o mais poderoso centro econômico do país, uma coisa é certa: o produto acabado é um grande "artesanato". Algo comparado à uma grande escultura ou mesmo um pote de barro. Mesmo que existam dois similares, não existe um igual ao outro. Cada parte, cada pequeno pedaço só está ali porque foi manipulado por pessoas, a matéria-prima foi transformada, transportada e aplicada pelas mãos de diversos indivíduos, independentemente do grau de mecanização da obra. Isso também acontece, em parte, porque o produto final, a obra (principalmente a residencial), mesmo dividido em suas unidades (ou, no caso, apartamentos), são bens extremamente caros, inalcançáveis para grande parte da população. Sendo assim, quem os adquire se sente na obrigação de deixá-los com a sua cara. E isso se torna o maior pesadelo para a viabilidade das construções industrializadas. Vários já tentaram, entre eles Thomas Edison, inventor da lâmpada elétrica, que criou um sistema de formas metálicas para fabricação de casas, já que também era dono de fábricas de cimento. E Buckminste Fuller, o pai do domo geodésico e outro gênio, que também fracassou com sua casa pré-fabricada feita de alumínio a Dymaxion House.
Perguntas ficam no ar. Poderia ser diferente? É possível "industrializar" a natureza humana de querer se destacar, querer ser diferente? Estamos caminhando para isso. Existem pessoas no mundo estudando meios de suplantar os paradigmas da construção tradicional e artesanal para alcançar a construção industrializada e automatizada tentando, ainda assim, se adequar aos desejos de cada cliente final. E não estou falando simplesmente da utilização de materiais pouco tradicionais como gesso acartonado (que só é novo para nós Brasileiros) ou seus similares. São projetos bem mais radicais.
Um desses visionários é o Dr. Behrokh Khoshnevis da Universidade do Sudeste da Califórnia (USC) que criou um processo de construção baseado nos conceitos de CAD/CAM (Desenho Auxiliado por Computador/ Manufatura Auxiliada por Computador) e Prototipagem Rápida, chamado Contour Crafting, onde unidades habitacionais são construídas por robôs, sem a intervenção humana. E não há limites de formado ou dimensões para a execução da construção, as mais variadas formas, inclusive curvas, são possíveis. O vídeo acima demonstra o processo em escala reduzida, com um dos protótipos da máquina, que neste caso utiliza um material a base de gesso. Isso torna possível cirar uma "linha de produção" de unidades que, embora diferentes entre si, são executadas por apenas uma grande máquina, abandonando a figura humana e, consequentemente, a artesanalidade. A animação a seguir demonstra a proposta da máquina em tamanho real.
Pelas demonstrações percebe-se que tal processo é plausível e viável. Resta pensar o que vai ser dos operários de obra quando essa revolução se tornar real. Afinal robôs não descansam, não cobram hora extra, não ficam doentes, não faltam, não têm vícios... não reclamam. Mas também não têm família para criar. Espero que consigamos viabilizar uma solução para essa massa de pessoas que, muitas vezes, vêem na construção civil a única opção de trabalho pois, ainda hoje, as exigências de qualificação são mínimas, conseguindo agregar quem teve menos oportunidade na vida. E, se recuarmos um pouco na história, vemos que tal fato já ocorreu, de forma irreversível, em várias indústrias como a automobilística e a portuária. O que tornou os carros artesanais obras de arte à preços astronômicos e portos dependentes de estivadores, se não completamente extintos, inviáveis economicamente.
Perguntas ficam no ar. Poderia ser diferente? É possível "industrializar" a natureza humana de querer se destacar, querer ser diferente? Estamos caminhando para isso. Existem pessoas no mundo estudando meios de suplantar os paradigmas da construção tradicional e artesanal para alcançar a construção industrializada e automatizada tentando, ainda assim, se adequar aos desejos de cada cliente final. E não estou falando simplesmente da utilização de materiais pouco tradicionais como gesso acartonado (que só é novo para nós Brasileiros) ou seus similares. São projetos bem mais radicais.
Um desses visionários é o Dr. Behrokh Khoshnevis da Universidade do Sudeste da Califórnia (USC) que criou um processo de construção baseado nos conceitos de CAD/CAM (Desenho Auxiliado por Computador/ Manufatura Auxiliada por Computador) e Prototipagem Rápida, chamado Contour Crafting, onde unidades habitacionais são construídas por robôs, sem a intervenção humana. E não há limites de formado ou dimensões para a execução da construção, as mais variadas formas, inclusive curvas, são possíveis. O vídeo acima demonstra o processo em escala reduzida, com um dos protótipos da máquina, que neste caso utiliza um material a base de gesso. Isso torna possível cirar uma "linha de produção" de unidades que, embora diferentes entre si, são executadas por apenas uma grande máquina, abandonando a figura humana e, consequentemente, a artesanalidade. A animação a seguir demonstra a proposta da máquina em tamanho real.
Pelas demonstrações percebe-se que tal processo é plausível e viável. Resta pensar o que vai ser dos operários de obra quando essa revolução se tornar real. Afinal robôs não descansam, não cobram hora extra, não ficam doentes, não faltam, não têm vícios... não reclamam. Mas também não têm família para criar. Espero que consigamos viabilizar uma solução para essa massa de pessoas que, muitas vezes, vêem na construção civil a única opção de trabalho pois, ainda hoje, as exigências de qualificação são mínimas, conseguindo agregar quem teve menos oportunidade na vida. E, se recuarmos um pouco na história, vemos que tal fato já ocorreu, de forma irreversível, em várias indústrias como a automobilística e a portuária. O que tornou os carros artesanais obras de arte à preços astronômicos e portos dependentes de estivadores, se não completamente extintos, inviáveis economicamente.
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