24 janeiro 2007

Novo James Bond detona com canteiros de obra



Não, isso não é nenhuma manchete sensacionalista sobre o novo 007 interpretado pelo britânico Daniel Craig. Nem mesmo é uma resenha do novo filme do personagem: 007 - Casino Royale,. Para quem gosta é a oportunidade de conhecer, pelo menos na visão holywoodiana, obras em outros lugares do mundo e, de queba, se divertir um pouco.
À partir do décimo minuto de filme 007 persegue, incansavelmente, um terrorista por dentro de um canteiro-de-obras em pleno dia de trabalho. A seqüência é extremamente dinâmica mas é uma ótima oportunidade para se perceber algumas características dessa obra (localizada em Madagascar - ilha no litoral leste da África). Uma delas é a extrema imprudência do operador de enchedeira em deixar a chave da máquina no contanto para que qualquer agente secreto do MI6 possa usá-la como veículo de perseguição. Preste atenção, você verá que, apesar de parecer uma obra de primeiro mundo os operários figurantes trabalham sem fardas ou, em alguns casos, equipamentos de segurança, inclusive enquanto andam entre a estrutura de aço inacabada. Um deles preferiu se enrolar em uma mangueira de um maçarico de oxi-acetileno, em vez de um cinto pára-quedista, vai entender. Em uma cena rápida (não pisque) aparece até a cozinha da obra, à céu aberto, sem falar das escadas soltas e sem corrimão, uma festa para a fiscalização da DRT. Existe uma quantidade de máquinas extraordinária para uma obra que não parece ser tão grande. Por favor... Duas gruas imensas, como a que quase caiu no metrô de São Paulo, uma vizinha a outra, de uma forma que não conseguiriam trabalhar ao mesmo tempo. E o mecanismo de soltagem rápida da carga... qual é? Isso não existe nesse tipo de equipamento e, se existisse o cabo não retornaria, como nos elevadores o moto-freio não deixa.
É curioso ver a quantidade de etapas simultâneas em execução, estrutura mista em concreto (preste atenção na escada pré moldada já com os furos para os corrimãos, mas sem guarda-corpo provisório) e aço, divisórias em gesso acartonado, elevadores definitivos (com as portas abertas, sem proteção), tubulação de ar-condicionado central... Elevador de cremalheira, plataforma pantográfica (também com o desengate rápido que não convence pois o sistema de elevação é hidráulico e não cai desse jeito, fazer o quê? É ficção...quase científica).
Mas, como em algumas obras no Brasil, vê-se muita gente solta pelo canteiro, batendo papo e tomando cafezinho.
Bom, apesar de toda fantasia, essa cena de perseguição é montada para maximizar a ação sendo assim a realidade torna-se supérfula.
Já no finalzinho do filme é nos apresentada mais uma obra, desta vez em Veneza, a restauração de um casarão que, como todas as construções da cidade, foi construído sobre palafitas. Dessa vez a entrada na obra é bem mais sutil, sem grandes equipamentos em movimento ou uma horda de figurantes sem EPI. E os equipamentos em cena nos são bem mais familiares (carro-de-mão, betoneira, máquina de solda e um prosaico elevador tipo gaiola que tem um papel fundamental para o final da história, que, apesar de parecer, não é provisório, visto a ornamentação de sua cabine). Também não se vê operários, por certo estão em sua hora de almoço. Uma dos fatos mais interessantes a constatar é que, para manter a obra firme são utilizadas grandes bóias, destruidas rapidamente por nosso herói, talvez seu maior erro no filme. Muito mais que uma cena de ação, essa se mostra extremamente dramática.
Mas não se preocupem o filme é muito bom e vale a pena, aproventem o final de semana que se aproxima, ainda está em cartaz.

Um comentário:

Anônimo disse...

Defintivamente sua memória é 'fotográfica'... rsss.... sem falar q está tão ligado em obra q até na hora do filme não deu para desligar!... rss... brincadeirinha!!
Adorei sua idéia!... posts inteligentes e engenhosos como vc!