10 agosto 2007

Notícia velha

Já a algum tempo venho querendo ressucitar o blog e hoje, logo pela manhã, tive um bom motivo para isso. No jornal matinal Bom Dia Brasil, da Rede Globo, uma notícia chamou minha atenção: Cadê os Engenheiros? (siga o link para a notícia completa). Em resumo é declarado que para ocorrer o espetáculo do crescimento, tão alardeado pelo governo Lula, será necessário a criação de algo em torno de 20.000 postos para Engenheiros apenas para as obras do PAC.



Isso pode ser uma novidade para a maioria da população mas está longe disso para nós que atuamos na área técnica. Tenho vivenciado isso pessoalmente já que trabalho em um empresa em franca expansão, tendo dificuldades em encontrar profissionais da Engenharia Civil, bem como cargos auxiliares como Técnicos em Edificações. Não vou discutir aqui a desvalorização dos profissionais ligados a Engenharia Civil nem mesmo as dificuldades encontradas na rotina diária de nossa profissão, isso fica para outra vez, o assunto hoje é mais abrangente.

Fico apenas surpreso de que a constatação dessa realidade, por parte da imprensa, seja tão tímida (não vi a repetição dessa notícia nos outros jornais da emissora, diga-se Jornal Hoje e Jornal Nacional) e tardia, já que no caso de outras profissões como as das áreas de ensino e saúde a crise é constantemente noticiada. Talvez seja porque nesses casos a influência na população seja maior pois todos têm direiro ao ensino e à saúde (além disso ser uma obrigação do governo) enquanto que o povo já está tão acostumado com a estagnação do país que simplesmente não percebe que o progresso (aquela palavra tímida que vem logo após a ordem em nossa bandeira nacional) está ligado diretamente à produção de riquesas e oportunidades, e esse é o campo fértil das Engenharias. Com isso até mesmo o ingresso na carreira de Engenheiro vem perdendo espaço, dia após dia, para outras carreiras, principalmente atualmente quando existe uma corrida desesperada pelo emprego público, ao qual a maioria reclama da baixa qualidade no atendimento, embora muitos sonhem em se tornar um Barnabé. Vide a verdadeira indústria desses concursos que existe hoje. Ninguém mais sonha na realização pessoal da resolução de problemas e desenvolvimento do conhecimento, só se quer o contra-cheque gordo, a mordomia e a establidade.

Pare um instante e olhe ao seu redor: o computador no qual você lê esse texto, seu celular logo ao lado, todos os materiais que constituem a mesa na qual seu equipamento está apoiado, a lâmpada que ilumina sua leitura, a cadeira na qual está sentado, os óculos que você possivelmente usa, a pasta de dente e a escova que usou pela manhã, até suas refeições, tudo enfim está conectado, sem dúvida houve influência direta de Engenheiros em tudo isso e todos são itens de consumo que geram oportunidade, emprego e riquesas para o país, em conseqüência, crescimento. Está mais do que na hora de se abrir os olhos para essa verdade. A atividade produtiva, as Engenharias e seus profissionais devem ser mais valorizados e incentivados para desenvolver TECNOLOGIA E CONHECIMENTO. É uma receita simples para que o crescimento do país seja uma constante e mais saldável e seguro para a nação do que a política essencialmente assistencialista pregada atualmente.